Escritórios Compartilhados: uma grande tendência no mundo
Os escritórios compartilhados são a bola da vez no mundo mesmo? É isso que vamos tentar responder no texto.
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Ninguém sabe como será o mundo pós-pandemia, por exemplo. Segundo a Futurista Amy Webb, “não há como saber exatamente como será daqui a um ano. Em vez de prever esse mundo, concentre-se em se preparar para ele”.
Embora ela tenha razão, é possível fazer algumas apostas em relação aos locais de trabalho. Ao que tudo indica, os escritórios flexíveis (também conhecidos como compartilhados ou coworkings) estão preparados para desempenhar um papel essencial na retomada das atividades e da economia.
Neste texto, mostramos a visão de três especialistas do setor de espaços de trabalho compartilhados: Ryan Simonetti, CEO da Convene; Tim Rowe, CEO do Cambridge Innovation Center; e Liz Elam, CEO da Global Coworking Unconference Conference (GCUC).
Eles afirmam que, sim, o universo dos escritórios compartilhados é a bola da vez num mundo pós-pandemia. Saiba por que a seguir!
Agilidade e flexibilidade nunca foram tão importantes
A crise impulsionada pela Covid-19 fez com que vários mercados sofressem. Muitos negócios tiveram de reduzir seus custos e dispensar alguns profissionais. Vale lembrar que, depois da folha de pagamento, o gasto com escritórios é o maior que existe numa empresa. Por isso, é um tópico que merece atenção.
No entanto, antes de destacar a atual crise, é interessante lembrar do colapso financeiro de 2008 — afinal, há muitos paralelos entre o que aconteceu e o que está acontecendo em 2020.
Naquele período, houve uma intensa procura pela terceirização de imóveis, uma vez que gravitar em direção a escritórios flexíveis se mostrou uma ótima alternativa no momento em que os donos de empresas se depararam com tempos incertos e contratos burocráticos e longos, entre cinco e 10 anos.
Rowe, do Cambridge Innovation Center, identificou, dois anos após a crise de 2008, que sua receita cresceu em cerca de 50%. Ele aposta que isso deverá acontecer novamente no mercado de espaços compartilhados. “Alguns indicadores, em locais recém abertos, mostram fortes recuperações”, diz.
De acordo com Simonetti, CEO do Convene, seus clientes estão dizendo que no momento atual a flexibilidade nunca foi tão importante. Por essas e outras questões, agilidade e flexibilidade são imprescindíveis para a retomada da economia em todo mundo.
O escritório como serviço ganha mais evidência
A Covid-19 obrigou que os espaços tomassem medidas de segurança, e isso fez com que os ambientes se tornassem mais complexos. Aqui no Brasil, o Woba, por exemplo, se uniu à Sercon (empresa referência em saúde e segurança do trabalho) para criar o Certificado Escritório Mais Seguro.
Dezenas de espaços de trabalho já aderiram ao projeto e, dessa forma, passaram a atender as boas práticas recomendadas pelos órgãos de saúde, como distanciamento social e desinfecção de superfícies e objetos.
Por conta dessa complexidade, se concentrar em padrões rigorosos para o funcionamento do ambiente de trabalho é algo que gastará tempo e demandará custos para as empresas. Nesse sentido, os escritórios flexíveis surgem como uma atraente possibilidade para as companhias terem foco apenas na estratégia do seu negócio.
Em outras palavras, ao aderir a um ambiente totalmente pronto, preparado para conter a transmissão do coronavírus, a organização não tem que passar por situações que exigem inúmeras obrigações que, convenhamos, não são muito agradáveis.
Espaços que já aderiram ao projeto do Woba, por exemplo, já passaram pela experiência de executar ações que permitem oferecer uma ótima experiência de hospitalidade em um mundo pós-pandemia.
Para Simonetti, o futuro do trabalho e o universo dos escritórios compartilhados (ou coworkings) oferece uma grande quantidade de valor para aquelas organizações e profissionais que aderirem a esse modelo flexível.
O futuro é distribuído e os escritórios compartilhados ganham destaque
Grandes empresas já anunciaram que, após a pandemia, continuarão adotando o trabalho remoto. Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, por exemplo, já declarou que suas equipes estarão totalmente imergidas nesse contexto.
Aqui no Brasil temos o exemplo da XP Investimentos, que anunciou trabalho remoto para todos seus funcionários para sempre.
Isso quer dizer que as companhias não estarão mais alocadas em um único prédio. Com a diversificação geográfica, o trabalho distribuído ganha mais vez e voz e oferta de coworkings é ideal para esse modelo.
Para Elam, CEO da Global Coworking Unconference Conference, essa situação já está acontecendo na Ásia. Rowe, do Cambridge Innovation Center, por sua vez, aponta uma outra experiência de uma das suas unidades de espaços flexíveis em Varsóvia, onde restaurantes e bares voltaram a funcionar. Segundo ele, as vendas estão à frente das previsões que antecederam a crise da Covid-19.
Apenas trabalhar em casa não é algo sustentável
O home office, de fato, caiu nas graças de muitas empresas. Ao mesmo tempo, o trabalho em casa também traz muitos desafios e é preciso dizer que apenas ele dificilmente será sustentável para todas as pessoas.
De acordo com Simonetti, nos últimos cinco anos os profissionais identificaram três fatores que desejam ter no espaço de trabalho: flexibilidade, escolha e experiência. Hoje, esse desejo de escolha nunca foi tão forte.
Antes, as pessoas não tinham a opção de optar pelo local onde deveriam trabalhar. Mas, com o coronavírus, as coisas mudaram. A casa, no entanto, nem sempre é a melhor escolha.
Para Elam, muitos dos seus clientes destacaram que precisam ir para um escritórios para poder se concentrar, pois querem fugir do caos das crianças e da movimentação da casa como um todo.
Simonetti, por sua vez, acredita que nos próximos meses não haverá nenhum CEO no mundo que obrigue as pessoas a aparecerem no escritório. Dessa forma, os colaboradores poderão escolher trabalhar em casa, numa cafeteria, numa biblioteca ou em um espaço de coworking.
O senso de comunidade levará as pessoas aos escritórios compartilhados
Somos seres sociais e, portanto, temos uma necessidade humano de estarmos envolvidos em uma comunidade. Em um mundo pós-pandemia, isso levará as pessoas de volta aos espaços de trabalho.
De acordo com Rowe, há um desejo natural de os profissionais estarem próximos dos seus semelhantes para trocar ideias, conhecimentos e assim por diante. Além disso, o executivo aposta que todos ficaremos muito surpresos em relação às coisas voltarem para um novo normal com muita rapidez.
Ainda segundo Rowe, quando as pessoas retornarem aos escritórios compartilhados, há uma forte tendência de que elas queiram passar muito tempo por lá. Em sua unidade em Cambridge, por exemplo, um cliente médio fica por cerca de seis anos.
Isso, portanto, equivale a um curso de medicina na faculdade. Por isso, as pessoas acabam optando em fazer parte de uma comunidade.
Ao que tudo indica, sobretudo no mundo pós-pandemia, os escritórios compartilhados vieram não só para ficar, mas devem crescer em um mundo no qual o trabalho distribuído deve ser o ator principal. Falando nisso, escrevemos um artigo sobre o tema. Aproveite para entender detalhes sobre o que é trabalho distribuído e quais são suas vantagens.
Renato Ribeiro é Head de Marketing de Conteúdo do Woba