Gestão de equipes diversas: O que muitos líderes não sabem?

gestão de equipes diversas

Vernā Myers, vice-presidente de estratégia de inclusão da Netflix, em entrevista ao Quartz at Work, afirma que uma das coisas boas que o movimento Black Lives Matter trouxe foi a utilização de expressões como “racismo estrutural” e “opressão” no vocabulário popular.

“Agora, não vamos deixar isso voltar para o armário”, diz.

 Myers já escreveu dois livros sobre diversidade no trabalho e oferece treinamentos na área. Ela afirma que gerentes de sucesso tendem a sofrer de excesso de confiança. Com base em suas experiências, a executiva diz que muitos achavam que estavam liderando, mas de fato não estavam.

“Eles estavam apenas saindo com pessoas que pensam exatamente como eles. Você não precisa realmente saber muito sobre gerenciamento se todos pensam da maneira que você pensa”, aponta.

Embora isso possa soar contraproducente às realizações de um gerente, a questão tem uma determinada lógica. Segundo Myers, as normas corporativas foram estabelecidas por gestores brancos e a maioria deles não foi treinada para realizar uma gestão categoricamente inclusiva. 

Em sua entrevista para a publicação Quartz at Work, a executiva da Netflix contou por que a maioria dos líderes não sabe sobre gestão de equipes diversas. Neste texto, destacamos os principais pontos dessa conversa. Além disso, mostramos as vantagens e como abraçar a diversidade nas empresas. 

O desafio da gestão de equipes diversas

Perguntada se gerenciar de fato é somente quando se lidera equipes diversas, Myers aponta que, em seus treinamentos, é essencial que os gestores criem um ambiente em que as pessoas se sintam de fato acolhidas e respeitadas (se for no contexto do trabalho remoto a atenção precisa ser redobrada, pois as pessoas não estarão próximas fisicamente). 

Para ela, quando os líderes têm times diferentes deles, o acolhimento não acontece de forma natural. “Personalidade, preconceito inconsciente a favor e contra grupos, restrições de tempo [e] desconforto com a diferença podem ser barreiras à inclusão e ao sentimento de pertencimento”, destaca.

Para ter sucesso no desafio da gestão de equipes diversas, é preciso ter muita atenção e intenção. Os gestores precisam estar atentos para tomar medidas eminentemente intencionais, a fim de criar relações de confiança. Dessa maneira, as chances de possibilitar oportunidades iguais a todos aumentam. Ao mesmo tempo, preconceitos que podem frustrar um desempenho de excelência dos colaboradores são combatidos.

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Vernā Myers, vice-presidente de estratégia de inclusão da Netflix

Como fazer em relação às diferenças nas culturas das empresas

Em outra questão, a Quartz at Work lembrou o fato de que algumas companhias contam com culturas diferentes umas das outras. Diante disso, Myers foi perguntada sobre o que um gestor deve fazer se as expectativas dos funcionários não estão alinhadas com as normas da empresa. 

A executiva afirma que, por natureza, todas as culturas são adaptáveis e dinâmicas. Portanto, é responsabilidade das pessoas que contratam trabalhar de forma eficaz e profunda para entender as necessidades dos colaboradores. Ao mesmo tempo, também é papel dos contratantes analisar a cultura da empresa, a fim de descobrir eventuais pontos de conflitos entre expectativas dos funcionários e normas da empresa.

A partir dessa perspectivas, partindo do pressuposto de que as culturas se adaptam e evoluem, a intenção é estabelecer parcerias entre lideranças e colaboradores, a fim de que os aspectos que não são produtivos para os negócios e os profissionais sejam alterados. 

No entanto, Myers aponta que as necessidades das pessoas e as culturas das organizações não têm que ser opostas — a menos que isso seja permitido que aconteça dentro das companhias. 

Cultura corporativa moldada pela cultura branca

Em outra pergunta sobre o eventual fato de a cultura corporativa ser moldada pela cultura branca, em especial nos Estados Unidos, Myers aponta que existem regras sobre como falar e demonstrar confiança e inteligência, como cumprir horários de reuniões e conduzir os encontros, entre outras. 

Ela diz que esses exemplos de regras foram moldados por questões como o patriarcado, o racismo e as ideias culturais ocidentais. Para acabar com isso, ela diz que “o trabalho para empresas e gerentes é ser expansivo em relação a outras formas de ver o mundo, curioso sobre a formação cultural de cada um e como isso molda a maneira como interpretamos e avaliamos situações e pessoas, políticas e práticas”.

Além disso, a executiva lembra que, à medida que uma organização torna a adaptação algo comum no dia a dia, ela conhece, entende e utiliza as particularidades culturais para transformar os pensamentos sobre tudo dentro da empresa: produtos, promoções, liderança, necessidades dos clientes, responsabilidades social e ambiente, entre outros aspectos.

Benefícios ao adotar a diversidade nas empresas

No texto sobre benefícios alcançados ao adotar a diversidade nas empresas, publicado no blog do Woba, apontamos questões que vão desde ganhos internos, como produtividade e colaboração, até a geração de um impacto muito maior na sociedade. 

A seguir, destacamos os principais benefícios ao adotar a diversidade na empresa. Confira!

  • Aumento da criatividade e, consequentemente, da produtividade;
  • Melhoria no relacionamento com clientes e parceiros;
  • Maior liberdade para se posicionar e expressar opiniões;
  • Mais inovação e resultados para a empresa e os colaboradores;
  • Melhores resultados na contratação e retenção de funcionários;
  • Impacto positivo na sociedade como um todo.

Abraçar a gestão de equipes diversas

A adoção da diversidade nas empresas não pode ser feita somente no papel ou no quadro “para inglês ver”. Trata-se de um processo sério, cuidadoso e que realmente deve ser visto e valorizado dentro da companhia como algo integrante da cultura. 

Dessa maneira, é essencial que o processo de adotar a diversidade na sua empresa passe por todos os setores e níveis hierárquicos — sobretudo entre os gestores, como pudemos ver na entrevista da executiva da Netflix. 

Portanto, é uma mudança gradual, que não acontecerá da noite para o dia. Mas com algumas dicas você pode chegar lá de forma bem-sucedida. A seguir, confira algumas ideias que podem ajudar sua organização!

  • Busque mentoria ou faça encontros com quem entende do assunto: você pode montar comitês de diversidade e inclusão dentro da empresa, por exemplo, com o objetivo de facilitar a criação de políticas de integração;
  • Estude sobre o tema de forma profunda: não há vergonha em não entender de tudo e ter dúvidas sobre determinados assuntos. Por isso, procure a informação em fontes confiáveis;
  • Promova palestras, workshops e dinâmicas: convide especialistas para falar sobre o tema e incentive discussões produtivas (no Woba, por exemplo, temos rituais em que trazemos especialistas para falar de temas como o racismo e a questão LGBTQIA+ com os colaboradores);
  • Leve sua equipe para ambientes colaborativos: estar em locais que estimulam uma cultura diversificada e colaborativa (como nos coworkings) também promove uma maior convivência com pessoas e opiniões de todos os tipos.

Conclusão

Como você pôde conferir ao longo do texto, contar e fazer a gestão de equipes diversas traz muitas vantagens para as organizações. Mais do que benefícios, trata-se de um movimento que promove transformações nas pessoas e na sociedade como um todo. Caso queira saber de outros assuntos que estão moldando a cultura nas organizações, confira 7 maneiras fáceis de mudar a cultura nas empresas

Renato Ribeiro é Head de Marketing de Conteúdo no Woba

 

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