Conheça nômades digitais secretos cujos chefes não sabem que eles trabalham no exterior
Os nômades digitais secretos optaram por trabalhar remotamente sem contar para seus chefes. Eles têm bom wi-fi e evitam mostrar onde realmente estão. No entanto, não se arrependem. Conheça suas histórias.
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Você já pensou que pode ter nômades digitais secretos na sua empresa? Se esse termo chamou sua atenção, saiba que essa situação é comum. Longe de fazer qualquer julgamento, o fato é que esse cenário aparece devido à preferência dos colaboradores pelo trabalho remoto.
A verdade é que o nômade digital leva o seu escritório na mochila. Ele atua bem no estilo anywhere office, ou seja, qualquer lugar é válido para trabalhar. Pode ser uma casa, a praia, um restaurante, um coworking ou qualquer outro local do Brasil e do mundo. Porém, nem todas as empresas aceitam a contratação de pessoas que estão a milhares de quilômetros de distância.
Dessa forma, surge o segredo que estamos abordando. Afinal, ter um trabalho flexível é uma coisa. Estar no Japão é outra bem diferente.
Diante dessa situação, fica a pergunta: como funciona na sua empresa? Os nômades digitais nem sempre são aceito pelas principais lideranças remotas. Por isso, neste post, reunimos algumas histórias de quem atua dessa forma em segredo. Confira!
Por que as pessoas optam pelo nomadismo digital?
Os dados mostram que as empresas estão sendo convidadas a acatarem essa nova exigência dos profissionais. Segundo o estudo The IWG Global Annual Workspace Survey 2020, 50% da força de trabalho mundial já fica fora do escritório durante 2,5 dias da semana. Além disso, 63% das empresas que ofereceram a atuação remota durante a pandemia tiveram crescimento da receita.
Ao mesmo tempo, 69% das organizações que optaram pelo presencial apresentaram queda ou ficaram no mesmo patamar de faturamento. Outro fator relevante diz respeito à preferência dos colaboradores. Para 63% dos brasileiros, o trabalho híbrido é a melhor alternativa. Além disso, 91% dos profissionais trabalhariam de outra região ou país.
Já a Harvard Business Review mostrou que os nômades digitais cresceram 49% entre 2019 e 2020. O número passou de 7,3 milhões para 10,9 milhões. Boa parte deles trabalha de forma autônoma. Em 2019, essa era a situação de 60% deles. Apenas 35% tinham trabalhos tradicionais. Em 2020, o índice mudou. Afinal, quem tem um trabalho tradicional teve a oportunidade de viajar — e muitos se jogaram nessa ideia.
Uma delas é Kate, citada no blog da Dropbox. A profissional é escritora, pesquisadora e editora de vídeo. Sempre atuou como freelancer, mas não tinha estabilidade na carreira. Durante a pandemia, ela resolveu viajar para conhecer seu atual marido e encontrou um emprego. Continua trabalhando de forma remota e permanece em cada país pelo período de 6 a 12 meses.
Para ultrapassar os desafios, está sempre conectada. Afinal, precisa lidar com 5 fusos horários para dar conta de trabalho e família. Apesar de ser um exemplo, ela não é a única — e várias pessoas estão enquadrados na categoria de nômades digitais secretos. Saiba mais.
Nômades digitais secretos: conheça alguns deles
Jack Boswell
O profissional sempre se questionou se seu chefe sentiria diferença se ele sumisse do escritório. No entanto, nunca ousou perguntar, porque a empresa é bastante tradicional. Com isso, seria impossível pensar em funcionários remotos sem microgerenciar.
Com a pandemia, veio a necessidade de isolamento social. Nesse momento, ele percebeu uma mudança significativa na sua rotina, com dias mais equilibrados e a saúde mental em dia. Ainda assim, queria viajar.
Começou pela Espanha, mas não contou para o seu chefe. Desde então, ele alega não mentir, mas esconder sua situação atual. Em entrevista ao site Lonely Planet, disse que a internet é igual em todos os lugares do mundo e que adota uma postura de “honestidade parcial”.
Ou seja, se alguém perguntar o que ele fez no fim de semana, relata que realizou uma viagem longa, sem especificar que está muito distante da empresa. Agora, ele já passou pela Espanha e a Inglaterra. Alega não ter tido problemas com a qualidade do seu trabalho e admite ser a hora de confessar seu segredo.
No entanto, afirma que essa experiência não é válida para todo mundo. Afinal, diz ser privilegiado com essa possibilidade, inclusive por ter achado alguém para sublocar seu apartamento.
Frederick
O alemão que trabalha para uma empresa de tecnologia começou trabalhando de Zurique, na Suíça. Ele morava na cidade e seguia rigorosamente todas as regras impostas. No entanto, decidiu ir ao México em um feriado.
Foi no país que conheceu algumas pessoas que trabalhavam remotamente e optou por tentar esse estilo de vida. Em entrevista ao site Euronews, ele disse que ficou estressado assim que voltou para casa. Por isso, decidiu por mudar sua rotina sem contar nada a ninguém. “Eu sabia que não havia sentido em perguntar ao meu chefe se eu podia trabalhar do exterior”, alegou.
Optou por viajar para manter sua saúde mental. Chamou um amigo para ir com ele e nunca ativou a câmera para evitar que alguém visse algo que denunciasse que estava no exterior.
Resultado: Frederick passou por México, Brasil e Itália. Durante a maior parte do tempo, trabalha. Depois, faz exercícios diferentes, como kitesurfing. Também janta com amigos. No entanto, nem tudo é um mar de rosas.
Segundo Frederick, ele pegou COVID no Brasil e sentiu todos os sintomas. Como estava sendo um nômade digital em segredo, não podia dizer ao chefe e acabou tendo que aguentar a doença enquanto trabalhava. Ainda assim, ele não se arrepende das decisões que tomou.
Rene
Trabalhando em uma marca esportiva, o francês vivia em Berlim. Em fevereiro de 2021, optou por ir a Tenerife, nas Ilhas Canárias, para evitar o inverno. Foi ali que trabalhou remotamente pela primeira vez.
Rene já viajou em segredo e ficou com medo de seu chefe descobrir. No entanto, isso não aconteceu. Pouco tempo depois de voltar a Berlim, um amigo viajou à ilha espanhola de Fuerteventura e convidou Rene para ir junto. A decisão foi viajar sem contar a ninguém, já que a política da empresa impede pessoas de trabalharem no exterior.
Para evitar problemas com a câmera, carregou roupas de inverno para fingir que estava em Berlim. A estratégia deu certo e Rene continua em Fuerteventura e fez vários amigos. Inclusive, começou a surfar.
Sua rotina consiste em trabalhar das 8h30min às 17h30min. Depois, vai surfar e encontra os amigos locais. Sua principal dica para quem deseja trabalhar remotamente é ter um wi-fi muito bom.
Todas essas histórias são apenas algumas da vida dos nômades digitais secretos. É uma boa ideia fazer isso? Quem decide é você. A verdade é que, ao conhecer esses relatos, vale a pena repensar as práticas de trabalho remoto recomendadas para gerentes. Afinal, muitos funcionários podem sonhar com uma rotina similar.
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Texto escrito por Fabíola Thibes, jornalista e redatora web.