O que é gamificação e quais suas vantagens para o trabalho remoto
A gamificação é uma estratégia que consiste em usar técnicas de jogos para aumentar a motivação, o engajamento e a produtividade, mas ainda há mais benefícios. Entenda como essa ferramenta pode contribuir para sua empresa e quais desafios são enfrentados em sua implementação.
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Desde os millenials, o videogame passou a fazer parte da rotina das crianças. Com a geração Z, isso se tornou ainda mais evidente. Afinal, esse foi o primeiro grupo de pessoas que já nasceu totalmente sob a influência digital. Nesse cenário e com o aumento da tecnologia, um conceito surgiu e vem se tornando cada vez mais importante no ambiente corporativo: a gamificação.
Basicamente, a ideia é aplicar práticas de jogos para fazer treinamentos, para encontrar soluções e para engajar colaboradores. Aliás, esses são alguns fatores que fazem o gamification também ser aplicado no home office e no trabalho remoto.
Tanto é que muitas empresas começaram a adotar essa metodologia durante a pandemia do coronavírus, seja no setor em que o colaborador atua, seja na gestão de pessoas. Isso porque a prática ajuda no engajamento e traz vários outros benefícios. Veremos os principais ao longo deste post.
Além disso, vamos explicar melhor como a gamificação influencia os resultados da sua empresa e quais são as vantagens obtidas. Então, que tal saber mais e aplicar no seu negócio?
Afinal, o que é gamificação?
De maneira simples, a gamificação consiste em usar características dos jogos virtuais para simular situações reais. O objetivo é oferecer um ambiente interativo com atividades semelhantes àquelas desempenhadas no exercício profissional. Dessa forma, várias habilidades são aprimoradas, como as tomadas de decisão e o trabalho em equipe.
Diante disso, é preciso ficar claro que a gamificação não é um jogo voltado para o entretenimento. Ele tem uma perspectiva técnica. Portanto, é esperado que o colaborador alcance os objetivos traçados. Ao fazer isso, recebe uma recompensa.
Todas as situações utilizadas no game são passíveis de acontecer no mundo real. As recompensas também podem ser transferidas. Por exemplo, o profissional pode evoluir no cargo atualmente ocupado ou ganhar um prêmio por ter se saído bem na dinâmica, tudo depende das condições empresariais e dos propósitos.
De qualquer forma, a iniciativa sempre tem um aspecto informativo e educativo permeado pelo entretenimento. Ao ser aplicada, a estratégia contribui para a melhor absorção dos conteúdos e dos conceitos. Assim, o profissional fica mais preparado para internalizar missão, visão e valores organizacionais, assim como para enfrentar os desafios rotineiros.
Qual a importância da gamificação?
Em evento realizado pelo Correio Braziliense, o consultor em inovação e em gamificação do Sebrae do Distrito Federal, Iuri Costa, disse que “de milhas aéreas a curtidas, a sociedade está gamificada”. A fala parece exagerada, mas retrata bem a realidade.
Segundo ele, a estratégia envolve 75% de psicologia e 25% de entretenimento — tudo para utilizar esse mecanismo que media ou estimula determinados comportamentos. Esse incentivo é derivado do sistema de recompensas implementado, assim como acontece em um jogo de videogame.
Cada atividade executada é passível de recompensa. Se alcançar o mínimo exigido (por exemplo, 3 estrelas), você passa de nível. Caso contrário, precisa repetir a fase.
Para o mercado de trabalho, essa prática auxilia em vários quesitos. Os colaboradores se tornam mais engajados, motivados e curiosos em relação aos objetivos propostos. Também têm uma visão diferenciada a respeito de funções exercidas. Afinal, o jogo mostra um esquema novo, em que aquela tensão comum do ambiente corporativo é deixada de lado.
Ainda há mais benefícios relacionados à gestão de pessoas. O RH pode se aprofundar nos resultados e trabalhar as equipes nos âmbitos individual e coletivo. Ao mesmo tempo, os games permitem gerar insights e identificar carências existentes na empresa. Isso porque todos os dados precisam ser levantados e utilizados pelos gestores da forma correta.
Vantagens para o trabalho remoto
A gamificação é um método disruptivo de ensinar e de engajar os colaboradores. Dessa maneira, é possível humanizar o relacionamento com a equipe e melhorar a gestão de pessoas. Para o trabalho remoto, essas características são ainda mais relevantes.
Como os profissionais estão longe do escritório, pode ser mais difícil repassar a cultura organizacional. Da mesma forma, também tende a ser mais complexa a garantia das características necessárias a esse modelo de trabalho, como a autonomia, a interação entre os membros da equipe e a capacidade de tomar certas decisões.
Com a gamificação, esses cenários são simulados e é possível verificar a reação do colaborador diante das diferentes situações. Por exemplo, imagine que determinado profissional está sendo testado e pode garantir um cargo de liderança.
Nesse cenário, a simulação coloca esse talento em um cenário de testes variados. Cada um deles está relacionado ao cargo a ser ocupado e representa um nível. Quem se sai melhor demonstra estar mais bem preparado para assumir a função.
Logo, a prática pode ajudar a saber se a pessoa está preparada para o cargo ou se ela ainda precisa melhorar. Inclusive, ela é aplicável em todos os cenários e setores. Por exemplo, as dinâmicas de grupo permitem avaliar as capacidades, as habilidades e os comportamentos dos candidatos.
Por sua vez, a gamificação facilita o trabalho da cooperação e do alcance de metas para o time de vendas ou de qualquer departamento da empresa. Em relação às vantagens específicas da gamificação para o trabalho remoto, podemos destacar:
Aumento do engajamento
A geração de desafios e a oferta de recompensas aumentam a satisfação da equipe e garantem a felicidade dos colaboradores. Isso porque a gamificação ajuda a chamar a atenção dos profissionais, e eles se sentem mais valorizados ao receberem os feedbacks e os prêmios.
Vale a pena lembrar que os colaboradores também descobrem o que a empresa espera deles, pois os resultados esperados são repassados. Com isso, pode haver a melhoria individual, que vai impactar toda a equipe e levar a um clima organizacional mais saudável.
Geração de uma competição saudável
Em um jogo, as pessoas estão competindo, obrigatoriamente. A questão é que, no ambiente corporativo, essa prática deve ser estabelecida de forma saudável. Ou seja, o colaborador deve buscar ser sempre melhor, mas também torcer para que seus “concorrentes” tenham o melhor resultado.
A gamificação faz isso, porque quebra o modelo tradicional de trabalho. Essa estratégia chama a atenção dos colaboradores, e eles tendem a participar mais da prática. Todos estão em busca do mesmo propósito: a busca de recompensas, o que se reflete em melhorias no alcance dos objetivos organizacionais.
Descontração no ambiente de trabalho virtual
Na modalidade remota, há menos oportunidades de interação entre os colaboradores. Eles costumam falar sobre o trabalho, mas não se aprofundam nesse relacionamento. Com a gamificação, é possível criar momentos de descontração, sempre aproveitando a rotina de cada indivíduo. Dessa forma, os laços entre os profissionais são fortalecidos.
Melhoria da avaliação de desempenho
Um dos principais propósitos do gamification é gerar dados para a empresa. As informações relevantes são utilizadas por gestores e por líderes a fim de avaliar o desempenho da equipe. Ou seja, você consegue identificar:
- Quem se dedica mais;
- Quem tem bom potencial, mas precisa de um incentivo para aumentar seu engajamento;
- Quem está com um objetivo diferente daquele esperado pela empresa.
Em outras palavras, você tem um ponto de vista diferenciado, com o qual pode avaliar o rendimento de cada um dos talentos da sua equipe. Ao mesmo tempo, realiza uma avaliação de todo o time.
Crescimento da motivação
Os profissionais que integram a estratégia de gamificação tendem a ser mais motivados. Para começar, as recompensas reforçam a meritocracia e geram um sentimento de igualdade entre todos. Com isso, cada indivíduo faz o seu máximo para ser sempre melhor em suas funções.
Como consequência, a prática de incentivar a competição saudável estimula a produtividade e o alto rendimento. Desse modo, você forma uma equipe de alta performance, inclusive no trabalho remoto e sem microgerenciar os colaboradores.
Quais são os desafios para implementar a gamificação no trabalho remoto?
Para trazer os resultados esperados, essa estratégia deve ser aplicada de forma constante. Várias ações ajudam a alcançar o objetivo esperado, como:
- Pushes de lembretes;
- Incentivo a quem participar das interações propostas;
- Destaques para os melhores nos rankings de cada fase.
Qualquer que seja a medida adotada, o objetivo é garantir o engajamento e a motivação da equipe. Esse é o grande desafio do trabalho remoto, já que a gestão de pessoas deve ser feita considerando trabalhadores que estão fora do escritório.
E quais são os principais desafios da gamificação no trabalho remoto? Confira a seguir.
Evitar o individualismo
Gestores e líderes devem cuidar para evitar o individualismo, haja vista que o regime remoto gera uma tendência de perda da dinâmica de equipe. Enquanto a interação é fluida no dia a dia do modelo presencial, na modalidade a distância é mais difícil fazer com que todos se conheçam.
Por exemplo, durante o almoço e as paradas para café, as pessoas interagem no escritório. Além de questões específicas da empresa, também há conversas sobre temas cotidianos, por exemplo, rotina familiar, recomendações de livros e de filmes etc.
Quando as pessoas estão fisicamente distantes, tende a ser mais difícil aplicar essa ideia. A gamificação incentiva o espírito de equipe, porque algumas atividades exigem a colaboração de mais de uma pessoa para o alcance do objetivo esperado.
Participação nas atividades propostas
A cultura organizacional sempre está presente, mesmo que não seja pensada por líderes e gestores. Nas atividades presenciais, ela é internalizada a partir da percepção do funcionário. No regime remoto, isso pode ser mais difícil. Por outro lado, é a oportunidade de se trabalhar melhor esse aspecto no onboarding. Por isso, é importante que todos participem das atividades propostas.
É aqui que a gamificação entra. Por exemplo, é possível criar avatares para cada um dos funcionários. Sempre que eles cumprirem uma missão, conquistam moedas para personalizar a figura. As atividades podem ser coisas simples, como:
- Participar de um happy hour virtual;
- Alcançar uma meta de vendas;
- Fazer parte do grupo da ginástica laboral;
- Finalizar um curso ou a leitura de um manual para novos colaboradores.
Percebe como isso ajuda a entender os valores, a missão e a visão da empresa, assim como contribui para a interação entre os colegas? Ao participar de um happy hour virtual, por exemplo, o funcionário descobre pessoas com as quais tem afinidade. Isso tende a gerar conversas futuras, que ajudam a aumentar a produtividade de forma indireta.
Plataforma ideal
O gamification só vai dar certo quando a equipe tiver em mãos a plataforma mais adequada às suas necessidades. É preciso ver o custo-benefício das diferentes opções e encontrar aquela que atenda às demandas da sua empresa. Afinal, é preciso que a ferramenta esteja adequada à sua estratégia.
Se você quer simular situações reais, mas a plataforma apenas oferece quizzes e outros jogos mais simples, está claro que ela não atende a todas as suas demandas. O resultado é a oferta de uma experiência diferente da esperada, o que tende a gerar desmotivação das equipes.
Definição de objetivos e de recompensas
Toda estratégia de gamificação deve ter um propósito bem delimitado. Basicamente, a ideia é responder ao seguinte questionamento: “o que é preciso garantir para ter o melhor resultado?”. A resposta depende do cenário que está sendo avaliado e influencia as próximas etapas.
A partir dela, a própria estrutura da plataforma será criada a fim de aumentar a chance de alcançar o que é esperado. Nesse sentido, também é importante definir as recompensas a serem oferecidas sempre que o colaborador atingir a meta esperada.
Os prêmios podem ser específicos para o ambiente virtual ou medidas adotadas no plano físico. É o caso de oferecer descontos em produtos ou em serviços, um curso rápido para especialização e até uma bonificação em dinheiro. Tudo depende do que sua empresa precisa.
De toda forma, a gamificação é uma ferramenta importante para facilitar a gestão de pessoas, para efetivar um onboarding eficiente e para, ainda, fortalecer o fluxo de processos de vários outros setores. No trabalho remoto, ela ainda ajuda na interação entre as pessoas e na compreensão da cultura organizacional.
Para alcançar todos esses benefícios, é necessário utilizar essa estratégia de forma adequada, enfrentando os desafios e definindo os objetivos a serem perseguidos. Dessa maneira, a gamificação se torna uma aliada do aumento da produtividade, da motivação e do engajamento.
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Texto escrito por Fabíola Thibes, jornalista e redatora web. Revisado por Gabriele Lisboa, revisora textual freelancer.