Produtividade na era do trabalho híbrido: como implementar

era do trabalho híbrido

O termo produtividade significa produzir o máximo possível com a menor quantidade de recursos. Ou seja, otimizar o trabalho para gerar resultados por meio de um esforço mínimo. No entanto, na era do trabalho híbrido, é preciso definir esse conceito. 

Um estudo liderado pela cientista-chefe da Microsoft, Jaime Teevan, apontou que seguir medidas tradicionais de produtividade durante a transição para o trabalho híbrido não é suficiente.

No artigo “Let’s Redefine “Productivity” for the Hybrid Era“, publicado no portal Harvard Business Review, Teevan trouxe mais detalhes sobre a pesquisa e levantou pontos importantes sobre a produtividade no trabalho remoto.

De acordo com o estudo, “embora seja tentador equiparar os altos níveis de produtividade dos funcionários ao sucesso, fazer isso ignora os fatores que impulsionam a inovação sustentável de longo prazo”.

Com base nisso, a cientista afirma que os líderes devem expandir suas ideias acerca desta questão e focar no bem-estar, nas conexões sociais e na inovação como meios de alavancar o negócio.

Neste artigo, reunimos as principais informações relacionadas ao estudo e trouxemos dados relevantes para que você entenda por que e como a produtividade na era do trabalho híbrido deve ser redefinida. Confira!

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Nova definição de produtividade na era do trabalho híbrido

Em março de 2020, ocorreu uma das maiores rupturas do trabalho, quando os funcionários passaram a realizar suas atividades em casa devido à pandemia. Ao mesmo tempo, foi uma oportunidade para aprofundar os conhecimentos sobre produtividade.

Fora desse contexto, os pesquisadores usam dois tipos de métricas para fazer a definição do termo:

  • Dados de atividade do colaborador (número de e-mails enviados, por exemplo);
  • E dados auto declarados (perguntando se os profissionais se sentem produtivos).

Surpreendentemente, no início da crise, o padrão de produtividade continuava alto. Após um ano, a pesquisa Work Trend Index da Microsoft mostrou que a produtividade auto declarada de mais de 30 mil funcionários permaneceu igual ou foi superior. A pesquisa anual interna da Microsoft apresentou resultados semelhantes.

Em relação aos dados de atividade, um estudo realizado em uma divisão da Microsoft apontou que o número de recursos verificados por hora aumentou 1,5% e o tempo de foco aumentou 6%. No entanto, ao analisar os detalhes desses estudos, Teevan e sua equipe perceberam que essas métricas não contavam a história por completo.

“À medida que o trabalho entrava em nossas casas, os limites úteis começaram a se confundir”, disse a cientista.

Quase metade (49%) dos funcionários da Microsoft relatou trabalhar mais horas, enquanto apenas 9% afirmou trabalhar menos. Em um estudo global, feito um ano após o início da pandemia, 54% dos profissionais declararam que estavam sobrecarregados e 39% relataram exaustão.

Os participantes desses estudos também relataram que o trabalho criativo, como o brainstorming em grupo, era mais difícil quando remoto. Além disso, há evidências crescentes de conexão perdida com colegas de trabalho.

Implementando a nova definição de produtividade

Com base nas descobertas, a cientista apontou três formas pelas quais os líderes podem expandir suas visões sobre produtividade na era do trabalho híbrido: bem-estar, colaboração e inovação.

Bem-estar

O trabalho híbrido oferece uma abordagem de trabalho mais sustentável em relação ao remoto e ao presencial, que possuem vantagens e desvantagens diferentes entre si. Dessa forma, em vez de esperar os mesmos resultados de ambos, é possível desenvolver os pontos fortes de cada um.

Portanto, na empresa, o ideal é priorizar o trabalho colaborativo, como o brainstorming, e os relacionamentos. Já em casa o melhor caminho é incentivar os colaboradores a planejarem seus dias de maneira flexível, incluindo outras prioridades, como família, atividades físicas e hobbies.

Inclusive, estudos do cérebro apontam que pequenos intervalos entre reuniões remotas reduzem o estresse e ajudam os profissionais a pensarem com mais clareza.

De todo modo, a chave é descobrir o que funciona para cada indivíduo. Afinal, há grandes diferenças individuais e, a depender da gestão da empresa, os colaboradores podem ter experiências distintas, mesmo quando inseridos em contextos semelhantes.

“Por exemplo, alguns funcionários da Microsoft citam o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e o tempo de foco como motivos para ir ao escritório, enquanto outros destacam exatamente essas coisas como motivos para trabalhar em casa”, explica a cientista.

Em uma pesquisa recente, 34% dos entrevistados disseram que a falta de interação presencial com os colegas era o principal motivo da perda do foco no trabalho.

Com isso, a recomendação é pedir para que, nos próximos meses, os funcionários reflitam sobre onde e quando se sentem mais ou menos produtivos. Além disso, vale a pena sugerir que façam as seguintes perguntas para si: trabalho melhor à noite ou de manhã? Onde tenho menos interrupções e me sinto mais focado?

Dos funcionários e empregadores que participaram da Pesquisa Pulse de Trabalho e Compensação Remota em maio de 2021, por exemplo, 44% eram a favor de acordos de trabalho híbridos. Já entre os empregadores, 51% apoiam o modelo de trabalho híbrido.

Colaboração

Um dos principais motivos pelos quais os colaboradores desejam voltar para o escritório é a conexão social. No entanto, se alguém vai para o escritório em um dia em que toda a equipe está trabalhando em casa, não haverá interação pessoal.

Por isso, é importante encontrar um meio-termo entre o trabalho individual e as necessidades da equipe para que o trabalho híbrido seja de fato produtivo. Uma forma de fazer isso é propor acordos.

“Na Microsoft, pedimos a cada equipe que crie um conjunto de normas de equipe que definem como eles gostariam de trabalhar juntos em nosso local de trabalho híbrido. As pessoas podem compartilhar como funcionam melhor”, exemplifica Teevan.

E, para evitar que o horário de trabalho flexível dos colaboradores se transforme em uma chuva de mensagens fora do expediente, os líderes também podem estipular regras sobre os horários em que as respostas são esperadas.

Além disso, outras questões importantes acerca de reuniões híbridas são a inclusão e a intencionalidade. Algumas orientações da cientista, que estão sendo praticadas na Microsoft, incluem:

  • Usar o recurso “levantar a mão” para garantir que todos tenham a chance de falar;
  • Caso esteja utilizando o bate-papo, designe um moderador diferente da pessoa que comanda a reunião para acompanhá-lo e levantar assuntos importantes;
  • Pedir aos participantes presenciais que ingressem em reuniões assim que chegarem à sala de reuniões, para que os participantes remotos sejam incluídos no bate-papo pré-reunião;
  • Permitir que os participantes presenciais entrem na reunião em seus laptops individuais para que os participantes remotos tenham uma visão melhor deles.

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Inovação

Muitas vezes, a inovação exige que os profissionais se reúnam para discutir ideias e tenham um tempo para focar e refletir individualmente. Caso seja bem aplicado, o trabalho híbrido permite essas exatas condições. Se feito da forma errada, essas importantes conexões sociais podem se perder e trazer impactos para a inovação.

Dessa forma, pensar na produtividade remota de maneira mais ampla, conforme já mencionamos no decorrer do texto, otimiza as condições que estimulam a inovação e pode contribuir para minimizar esses riscos.

O primeiro passo é considerar que o trabalho pode ser feito a distância ou presencialmente. Enquanto o trabalho remoto é excelente para a produtividade individual e tarefas que fazem parte da rotina, o trabalho presencial é ideal para tarefas criativas e atividades em equipe.

Com isso, no início de um grande projeto, é importante se reunir pessoalmente para definir os processos, porém, quando o trabalho é alinhado, os fluxos de trabalho são padronizados e as responsabilidades são definidas, o trabalho remoto pode ser mais eficaz. Ou seja, o equilíbrio e a organização são peças fundamentais para a inovação.

Nesse sentido, um relatório da Accenture apontou que, independentemente de onde você esteja, garantir que sua força de trabalho tenha uma produtividade saudável traz benefícios financeiros para a organização.

O relatório descobriu que o modelo de trabalho híbrido é adotado por 63% das empresas de alto crescimento de receita, enquanto 69% das empresas com crescimento negativo ou sem crescimento rejeitam o modelo, preferindo profissionais remotos ou presenciais.

Isso acontece porque as conexões sociais alimentam a inovação e fazem com que o trabalho a distância tenha mais fluidez e sintonia. Portanto, quando estiver no escritório, crie oportunidades para que os funcionários conversem e interajam com profissionais que nunca trabalharam antes.

E, mesmo durante o trabalho remoto, estimule conversas triviais, especialmente no início das reuniões, para que esses laços sejam desenvolvidos e fortalecidos de forma natural.

“No final, saberemos que tivemos sucesso se o trabalho for melhor do que antes — não apenas em termos de métricas de curto prazo, mas em ajudar as pessoas, equipes e organizações a serem produtivas e atingirem seus objetivos de uma forma que também apoia o bem-estar, a colaboração e a inovação”, conclui a cientista.

Agora que você já sabe como e por que é preciso redefinir a produtividade na era do trabalho híbrido, veja as 8 principais comodidades de escritório que aumentam a produtividade dos funcionários.


Texto escrito por Isabella Proença, Redatora freelancer e Bacharel em Administração.

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