Papo com a CEO: um dossiê completo sobre Roberta Vasconcellos, do Woba

roberta vasconcellos

Em uma bela tarde em BH, capital de Minas, encontrei a Roberta Vasconcellos (ou, simplesmente, Ró) para falar de negócios. O papo foi como eu esperava: leve, agradável e profundo. Além de assuntos como carreira, empreendedorismo e startups, também falamos sobre sonhos, família, propósito e Deus.

Roberta Vasconcellos é uma menina doce e, ao mesmo tempo, uma empreendedora focada, que tem clareza do caminho que trilha. Antes de conhecê-la melhor, eu pensei que ela fosse uma inveterada workaholic. De fato, ela trabalha muito. No entanto, também reserva um tempo para cuidar de si e das pessoas que ama. 

Aos 32 anos, ela é um dos principais nomes do ecossistema de startups do país. Já foi eleita pela Forbes como uma das jovens que estão transformando os mais diversos setores da sociedade. Hoje, é CEO do Woba e não mede esforços para entregar a empresas e pessoas uma das coisas que mais gosta na vida: liberdade e felicidade no trabalho.

Neste texto, vou entregar todos os detalhes do papo que tive com a Ró. Pode preparar sua beer or coffee (com o perdão do trocadilho) porque lá vem textão. Se você está em busca de inspiração para a sua carreira ou negócio, este é o conteúdo certo!

Surge uma pequena empreendedora

Desde criança, Roberta Vasconcellos é comunicativa e sempre demonstrou uma grande desenvoltura para se relacionar com as pessoas. Em nosso papo, ela confirmou. “É verdade, eu sempre fui uma pessoa de comunicação”.

Não demorou para que essa habilidade se transformasse em negócio. Aos 12 anos, em uma brincadeira despretensiosa, a Ró começou a vender trufas para os coleguinhas do colégio.

A mãe, Bebela, me contou que o intuito inicial não era vender. Mas aí a demanda foi ficando cada vez maior, então a comercialização dos chocolates se tornou orgânica.

“Foi tudo natural. Ela nunca teve vergonha de vender, muito pelo contrário. As trufas eram baratinhas. Em seguida, a coisa decolou e criamos a empresa ‘Bebela Bombons’”, disse a mãe.

Apesar do sucesso do pequeno empreendimento, na época a Bebela estava com muitas obrigações, incluindo dois bebês, a Rafa e o Bê. Por conta disso, a marca “Bebela Bombons” teve que chegar ao fim.

No entanto, a veia empreendedora da Roberta, não — essa daí só estava começando. O próximo capítulo dessa história estava prestes a acontecer, mas bem longe do Brasil.

Vendas de cachorro-quente no Canadá

O sucesso do micronegócio “Bebela Bombons” deixou marcas. Alguns anos depois, quando foi fazer high school no Canadá, a Ró adotou o costume de comer cachorro-quente na corrocinha que tinha em frente ao colégio.

Em um papo e outro com o dono do empreendimento, ela recebeu um convite para vender o lanche. Embora o salário não fosse atraente (ganhava $7/hora, enquanto a média do salário era de $13/hora), a empreendedora topou o desafio.

Claro que era um trabalho proibido, mas isso nem passou pela cabeça da Roberta. Então, foi vendendo cachorro-quente que ela guardou dinheiro e conseguiu comprar o seu primeiro laptop.

“O patrão gostou muito da Roberta, principalmente pelo fato de ela ser muito comunicativa. Ficou impressionado, ainda mais porque ela não estava em seu país de origem”, contou Bebela.

Apesar do sucesso, a Ró teve que abandonar a carrocinha de cachorro-quente. As aulas terminaram e ela precisou voltar ao Brasil.

Foto abaixo, com Bebela: desde sempre, além de mãe, uma grande fã, amiga e incentivadora

Aulas de inglês e loja de shopping

Roberta voltou ao Brasil animada para continuar colocando suas habilidades de negócios em prática. Depois das trufas e do cachorro-quente, ela foi dar aulas de inglês para crianças. Como não poderia deixar de ser, amou a experiência.

Em seguida, surgiu uma oportunidade para trabalhar em uma conceituada loja de roupas em um shopping de Belo Horizonte. Bebela disse que “o pessoal ficou doido com a Roberta”.

Em todas essas experiências, há algo em comum: a Ró foi desenvolvendo habilidades de relacionamentos e resolução de problemas. “Ainda mais em comércio, né? Os problemas acabam sendo inevitáveis”, disse ela.

Em meio às aulas e ao shopping, a empreendedora decidiu cursar publicidade e propaganda e começou um estágio em atendimento na empresa da família. O pai (e Bebela), no entanto, a incentivou a continuar aprendendo no mercado.

Dessa forma, lá foi a Roberta Vasconcellos respirar novos ares. E foi exatamente nesse momento que uma grande paixão a arrebataria: o mundo das startups.

A chegada no mundo das startups

No meio da faculdade de publicidade e propaganda, a Roberta decidiu cursar Direito paralelamente. Sem muita certeza do caminho a trilhar, ela resolveu experimentar. Chegou a estudar dois anos para se tornar uma advogada, mas desistiu. Não era isso que fazia seu coração vibrar.

Dessa forma, faltando 6 meses para se formar em Publicidade, em 2009, um grande amigo comentou sobre o mundo das startups. Ao mesmo tempo, a Ró participava de alguns processos de trainee em multinacionais.

Apesar disso, a voz do amigo falou mais alto. Surgiu um processo seletivo para trabalhar na SambaTech, uma startup que atua no universo dos vídeos, em Belo Horizonte. A Ró mandou currículo, foi aprovada e entrou no time comercial da empresa.

A equipe era ela e mais uma pessoa. Além disso, era um ambiente eminentemente masculino, ou seja, haviam boas chances de ela não gostar ou até sofrer preconceito por ser uma mulher trabalhando em tecnologia. Mas não foi isso o que aconteceu.

Foto da Roberta Vasconcellos

Experiência no mundo da tecnologia

Todo mundo sabe que, infelizmente, ainda existe muito preconceitos no mundo corporativo. Um deles é relacionado à questão das mulheres no mercado de trabalho.

Quando a Roberta chegou na Samba, era ela e mais duas ou três profissionais do sexo feminino. Mas isso não foi nenhum empecilho. Pelo contrário. “Nunca tive essa consciência de me achar diferente por ser mulher, então nunca aconteceu nenhum tipo de hostilidade”, disse ela.

Hoje, depois de muitos anos no mercado, a Ró sente que às vezes há pessoas que “cruzam a linha” e acham que podem te paquerar no WhatsApp depois de uma reunião. Isso, no entanto, são casos isolados.

Postura firme no trabalho

Para Roberta, “tudo depende da nossa postura. Nada me atrapalhou e nunca me senti menos ou mais por ser uma mulher no mundo das startups e da tecnologia”, afirmou. “Acho que essas primeiras experiências trabalhando com homens me ajudaram muito”, completou a empreendedora.

Voltando à época da Samba, sem muitas habilidades na área de tecnologia e tendo de se reunir com clientes para vender um serviço técnico, ela foi entender sobre a área. Para isso, sentou com os programadores e não se dava por satisfeita enquanto não entendia “timtim por timtim” dos códigos da vida.

Além disso, na Samba ela aprendeu tudo sobre startups. Inquieta, também aproveitou para fazer uma pós-graduação em gestão de negócios. Dessa forma, as coisas avançaram.

Nessa ocasião, entrou em cena um personagem mais do que especial: o irmão, dois anos mais novo. Pedro é engenheiro e, assim como a irmã, tem perfil empreendedor e visionário.

Entre as habilidades do irmão, a empatia sempre foi muito evidente e, assim, ele teve o sonho de ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos. Por isso, teve a ideia de criar uma empresa e pensou em uma parceria perfeita para a empreitada. Adivinha quem era? Isso mesmo: a Ró!

O nascimento do Tysdo App

Depois do sucesso na Samba e de muito aprendizado, a Roberta foi para o mercado empreender com seu irmão, Pedro, e com outros sócios. Eles criaram o Tysdo, um acrônimo para “things you should do” (traduzindo para o português, é algo como “coisas que você deveria fazer”).

O empreendimento ganhou uma grande relevância. Conectou e ajudou muita gente a realizar sonhos, participou do startup Chile e estabeleceu diversas parcerias. Foi uma experiência rica e interessante. Mas não foi para frente.

Segundo a Ró, a empresa não deu certo por alguns motivos e o modelo de negócios era o principal desafio. No fim, a organização se tornou mais uma agência de marketing de experiência do que uma startup. A monetização era baseada em projetos, algo que não era do interesse dos envolvidos.

Além da pegada de agência, o app tinha cara de agência. “Basta ver o quanto Facebook, Instagram e outras plataformas demandaram investimentos para ganhar tração e se tornar o que são hoje. O problema é que, no Brasil, não temos nenhum Peter Thiel (um dos grandes empreendedores e investidores do mundo dos negócios) para ajudar os empreendedores das redes sociais”, disse Ró, em entrevista à revista “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”.

Além disso, o trabalho demandou várias frentes. Como o foco era o sonho das pessoas, as atividades eram ligadas à saúde, viagem, trabalho e outras. No fim, os empreendedores perceberam que, além das realizações, o objetivo era conectar pessoas.

Assim, Roberta, Pedro e companhia decidiram partir para outra. O Tysdo acabaria naquele momento, mas a essência de conectar pessoas, não. Dessa forma, nasceu o Woba.

Na foto, com o irmão Pedro, na capa da VejaBH, anunciando o Tysdo

Roberta Vasconcellos

Capítulo Woba: o Booking.com dos coworkings

Depois do Tysdo, os irmãos empreendedores decidiram criar um produto totalmente voltado para o networking. Afinal, eles perceberam que não existia nenhuma empresa que conectasse pessoas com objetivos profissionais.

Assim, no fim de 2015, nasceu o Woba. O nome surgiu pelo fato de, ao encontrarmos alguém, tomamos um café ou uma cerveja. Era como se fosse um Tinder de negócios. Era possível convidar alguém para um café ou uma cerveja e só entrava no app quem era convidado.

Nesse modelo de negócios, o Woba ganhava o valor do primeiro café entre dois usuários do serviço, que conectava pessoas que estavam próximas.

Em seguida, o negócio mudou e passou a conectar pessoas e marcas a ambientes de trabalho. Nesse contexto, a essência do Tysdo permanece no Woba: ajudar a criar conexões valiosas.

Hoje, a empresa só cresce, ainda que tenha passado momentos desafiadores por conta da pandemia. Atualmente, são cerca de 60 pessoas, espalhadas em 5 países, e se tornou uma espécie de Booking.com dos Coworkings.

Além da Roberta e do Pedro, o Woba conta com um terceiro sócio, o Eric Santos, um empreendedor serial e visionário de tecnologia. Só no Brasil, a rede conta com centenas de espaços de coworking, em 160 cidades, incluindo alguns fora, em Lisboa, Portugal.

Entre as soluções do negócio, destaca-se o OfficePass. Funciona de maneira simples: a empresa faz uma assinatura e, assim, seus funcionários passam a ter acesso a todos escritórios da rede Woba. A startup já atende grandes marcas, como Fiat & Chrysler, Movile, iFood, Banco Inter, 99, Creditas, Pipefy, entre muitas outras.

Com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, a Ró poderia dar uma pirada. Mas ela leva consigo duas coisas que estão sempre em primeiro lugar: família e Deus.

Na foto, Pedro, Eric e Roberta

Roberta Vasconcellos

Família, Deus e propósito

“A base de tudo é família e do ambiente em que você está inserido”. É essa frase que a Ró me disse quando perguntei da importância que a família tem para ela.

Mesmo morando em SP (a família está em BH), a Ró está sempre próxima dos pais e dos irmãos, que são verdadeiras inspirações em sua vida. Quando ela me fala deles, seus olhos se enchem de lágrimas. É nítido e muito transparente que há muito amor envolvido.

Também é dentro do seu coração onde mora o seu propósito. Como entusiasta da vida, busca enxergar tudo de forma muito positiva. “A Ró sempre foi uma menina muito iluminada e sempre teve um lado de servir muito forte”, contou Bebela.

“Além disso, ela sempre é extremamente positiva. Ela nunca duvida de nada e sempre entra de cabeça em seus projetos. Tem uma disciplina admirável”, completou a mãe.

Além do amor pela vida e pela família, a Ró também tem muito orgulha da sua fé em Deus. “Busco sempre enxergar as coisas e as pessoas com um olhar cristão. Sempre voltada para fazer bem ao próximo e deixar um legado. De fazer tudo com amor e boa intenção”, disse a empreendedora.

Vida corporativa em São Paulo

Eu perguntei para ela se isso (amar a família, a Deus e ter uma postura cristã) era possível em meio a mundo corporativo, incluindo o fato de viver em SP, que é uma cidade que respira negócios e um celeiro de milhares e milhares de profissionais estressados. A Ró, então, responde que é preciso se lembrar disso sempre.

Mais do que isso, disse ela, é preciso ter pessoas que te lembrem isso a todo momento. “O meu irmão Pedro, por exemplo, é uma pessoa que me lembra disso o tempo todo. Ele sempre me recorda o porquê de fazer o que fazemos”.

Além dessas inspirações, ela adora mergulhar nas histórias de outros líderes e tirar lições daquilo que fizeram. “Eu anoto tudo: coisas que falaram, que fizeram e tudo o mais”. Atualmente, por exemplo, ela ela está lendo “A marca da vitória”, de Phil Knight, a autobiografia do criador da Nike.

Próximos passos

Por fim, perguntei para a querida Roberta Vasconcellos sobre seus próximos passos. Ela me disse que é continuar crescendo, desenvolvendo pessoas e aprendendo com elas.

Além disso, é impactar pessoas com o porquê da empresa da qual é CEO: dar liberdade para as pessoas escolherem o que elas farão em relação ao trabalho, por meio do conceito do Anywhere Office, ou seja, o trabalho em qualquer lugar. A gente vive essa liberdade de escolher onde trabalhar e queremos dar essa liberdade para as pessoas também”.

Alguma dúvida de que ela vai conseguir? Eu não tenho nenhuma!

Saiba mais

Curtiu o modelo de negócios do Woba e quer fazer parte dessa grande família? Para conhecer mais, clique aqui. Você também pode conhecer o OfficePass, a solução de assinatura que permite o acesso a centenas de coworkings.

Confira o que tem saído sobre a Roberta e Woba na mídia:

Texto de Renato Ribeiro, Head of Inbound Marketing do Woba

OfficePass trabalho no escritório

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